Edna & Harvey: Harvey's New Eyes [REVIEW]

Do que se trata?

Lilli estuda em um pequeno convento, dirigido pela madre superior Ignatz, uma mulher que não gosta de crianças e que, particularmente, não gosta de Lilli por a considerar atrapalhada e desprovida de talento. O que a madre superior não previa no entanto, é que Lilli tem muito talento sim, só que para o desastre.

Lilli tem sua maneira particular de ver o mundo e resolver seus problemas e o dos outros; prestativa e atenciosa, faz o melhor para ajudar sua amiga Edna, que entra em pânico ao ouvir que o Doutor Marcel iria visitar o convento para oferecer "terapia" às crianças. Convencida de que está sendo perseguida, Edna faz planos para escapar, mas para isso pede ajuda para Lilli.

A trama realmente engrena quando o Doutor Marcel chega ao convento e aplica seu novo método de terapia por hipnose em Lilli, usando um coelho azul de pelúcia que repete frases até ficarem marcadas em seu subconsciente. Não por acaso o nome do jogo é 'Harvey's New Eyes'. Já de imediato vemos que o melhor amigo de Edna está bem diferente da última vez que o vimos. Agora, Lilli tem que escapar do convento e achar Edna, enquanto tenta de alguma forma driblar as manipulações mentais e barreiras psicológicas impostas pelo seu "tratamento".

Para tal, Lilli se hipnotiza diversas vezes, passando por situações surreais para vencer cada restrição. De cenários que se passam em um faroeste dominado por gnomos até uma batalha imaginária - mas épica - no melhor estilo de RPG medieval, a variedade de situações e dinamismo do jogo garante muita diversão.

Considerações

O jogo possui diversas similaridades com o primeiro da série, Edna & Harvey: The Breakout (veja a review aqui), como o mesmo estilo de arte, variedade de cenários extremamente ricos e divertidos e dublagem completa de todas as falas do jogo, assim como uma ampla gama de comentários sarcásticos e engraçados que enriquecem a experiência de jogabilidade e ajudam a mergulhar no mundo, no mínimo, peculiar de Lilli.

No entanto, talvez devido ao fato de que os comentários sejam feitos por um narrador, e não por Harvey, o humor não supera o primeiro jogo da série, muitas vezes sendo apenas bom, mas não fantástico ou tão surpreendente quanto o primeiro. Apesar disso, vale lembrar que estamos comparando a um jogo de padrão altíssimo, e que ainda que não tenha conseguido ser tão bom quanto o primeiro não é de forma alguma ruim. Pelo contrário; a mudança na perspectiva trás um ar fresco,e o humor ácido é substituído por um humor suave, sutil, mas levemente maldoso, afinal, ainda estamos falando de Edna & Harvey.

As músicas são boas, e principalmente, adequadas, ajudando a entrar no clima do jogo. A tradução e sincronia da dublagem foram bem executadas, tornando agradável de acompanhar a história. Quanto a jogabilidade, minha única crítica é referente à mecânica de diálogos: devido ao fato de Lilli nunca conseguir terminar uma sentença sem que alguém a interrompa, não podemos realmente escolher uma frase completa para falar. Temos a opção somente de selecionar uma imagem relacionada ao que buscamos, o que de início, por ser tão diferente da média, torna o jogo um pouco confuso, mas nada que realmente chegue a estragar a obra. 

Outro ponto que apresentou diferenças significativas foram os puzzles; em geral, se mantiveram no mesmo estilo, mas haviam alguns mais complicados que exigiam do jogador algumas habilidades avançadas de lógica e interpretação, no entanto, para estes, havia a opção de 'pular'. Minha única crítica essencialmente negativa é referente ao enredo e personagens.
 

!!!ALERTA DE SPOILER!!!:

Harvey's New Eyes se trata de uma sequência de Edna & Harvey The Breakout, apesar de não ficar realmente claro no começo. Lilli é uma personagem sem muita personalidade; somente podemos descobrir mais sobre ela através dos comentários do narrador. Ela nunca fala mais do que algumas sílabas e a impressão que passa é de que ela está lá não como uma protagonista, mas para cobrir um buraco, o de como apresentar mais do universo de Edna.

Durante o desenvolvimento da história, Lilli se volta totalmente para as necessidades e pedidos de Edna, tanto que a história termina no hospício do Doutor Marcel, e revemos os mesmos pacientes do primeiro jogo, ou pelo menos aqueles que sobreviveram. As demais personagens apresentados durante o resto da história são demasiadamente estereotipados e sem profundidade alguma, e as que reencontramos no hospício são retratadas de maneira apagada, não possuem a mesma energia e singularidade cativante que vimos no primeiro jogo.

O final do jogo também é mal explicado e cheio de falhas. Apesar de também ter aquele elemento de 'plot twist' surpreendente do primeiro, em que é necessário fazer uma escolha crucial, a explicação do porque as coisas não eram bem assim não convence, e quando recapitulamos os acontecimentos sob essa nova ótica, não faz sentido, fazendo com que o valor de replay seja bem baixo.

Resumindo

Complexidade dos Puzzles: 8 (bom)

Enredo e Personagens: 6

Variedade de Ambientes: 10

Narração e sincronia: 9

Tradução em Geral: 9

Trilha Sonora: 8

Gráficos e Aparência: 10 *

Jogabilidade: 7

Valor de Replay: 3

Duração do Jogo: 10

NOTA FINAL: 80/100

*Caso você não tenha jogado o primeiro jogo da série, talvez estranhe um pouco, mas conforme você joga, o estilo de arte singular acaba capturando sua atenção e contribuindo para a individualidade do jogo.

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